01 agosto 2010

Os cafés

Há cafés muito bons e modernos por aqui. Alguns com ar de bares, com grandes ecrãs e música sempre a tocar. Seja a que hora for podemos ver alguém a jogar setas ou sentado a bebericar, ao mesmo tempo que vai vendo quem passa. As esplanadas são montadas lá por volta das 10 h da manhã e há um vai e vem de gente. Se pedirem um café, já sabem que não é o tradicional que estávamos habituados, esse aqui chama-se expresso, e mesmo quando pedi um lá veio o outro. O tal café é uma chávena bem maior e traz um pacotinho de leite. Claro que o café, propriamente dito, não é tão forte. Lá se bebe. Existem outros cafés (estabelecimento) menos modernos e com cara de português. Têm o nome do presumível dono ou da localidade de onde, possivelmente, é natural, assim como umas quantas bandeiras espalhadas logo a começar pela entrada. Fiquei um pouco desiludida, diga-se de passagem. O ar é pobre, tanto por dentro como por fora. As pessoas têm um ar fortemente rural e olham com ar mal humorado e desconfiado. Tenho a certeza de que esta não é a regra mas foi o que eu vi, outras opiniões existirão certamente. Adiante, experimentem passar num domingo à tarde por um desses cafés com ar 'tradicional'. Como também servem de residenciais, pois alugam quartos ao pessoal que ou não tem posses para alugar um apartamento ou não possuí ainda documentos para o fazer, vão todos ali parar. Digamos que aqui há regras para se poderem alugar imóveis e não são nada acessíveis, para não mencionar os preços (um simples estúdio anda à volta dos 600 euros com sorte). Têm de: estar registados na comuna onde residem; ter contrato de trabalho ( de preferência efectivo) e autorização de residência. Penso que não esqueci de nada. Depois, para se registarem na comuna têm de ter uma morada para dar e é aí que as coisas se complicam um pouco. Uma coisa depende da outra mas lá se consegue, não é impossível.
Adiante. A maioria desses cafés que alugam quartos pertencem a portugueses e é graças ao aluguer dos quartos que muitos conseguem ter as portas abertas, devido aos elevados custos para manterem o negócio aberto. Podem encontrar um quarto a partir dos 300 euros e depois conforme o preço que pagam lá têm incluído a luz, água, lixo, roupa e alimentação. Alguns estabelecimentos são, no entanto, já muito antigos e as condições de alojamento poderão não ser as melhores. Em alguns sítios não contem com wc privado ou limpeza dos espaços comuns. Já foram denunciadas situações mesmo degradantes em que haviam famílias inteiras a partilharem um autêntico corredor mobilado com camas e sem nenhuma privacidade ou condições mínimas de habitabilidade. É preciso estar atento a essas coisas. Depois, como dizia acima, se experimentarem passar num cafe assim num domingo à tarde vão vê-lo cheio de homens. Não se vê um único ser do sexo feminino. Faz lembrar as tascas de antigamente em que a entrada era proibida a mulheres e as portas eram daquelas em que só víamos as cabeças e os pés, tipo oeste americano. Sim, é mesmo assim. Só a cozinheira é que deve ser mulher, pois deve ser casada com o dono da casa. Quem tem à vontade e vontade de entrar num sítio assim? Pelo menos o dono tem clientela assegurada.

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