26 agosto 2010

Tenho cara de portuga??

Ontem fui a um supermercado e enquanto estava na fila à espera um funcionário pediu-me licença em português para que eu lhe cedesse passagem para recolher os cestos. Fiquei muito admirada, afinal porque falou ele em português?? Tenho cara de portuga?? E isso não engana ninguém?? Pois...

Telemóveis

Quando quiserem carregar o vosso telemóvel (uma rede daqui, pois se for português acho que não dá) vão a uma loja para o efeito e pedem um carregamento. Ou seja, pagam e recebem um papelzinho com um código. Esse código deve ser introduzido no telemóvel e o dinheiro entra como saldo. Agora cuidado com o bendito papel, pois se o perderem já era...

Os luxemburgueses

Os portugueses têm má fama por cá, como já tinha referido mas não pensem que só há por aqui apenas luxemburgueses exemplares. Eles também gritam em casa com os filhos, falam alto na rua à 1h da manhã ou põe a música alto quando já toda os vizinhos do prédio estão a dormir, ou a tentar. Claro que é mais fácil falar mal do emigrante mas este não é diferente dos outros.

19 agosto 2010

Transportes públicos

Os transportes públicos são muito caros e o preço está sempre a aumentar. Por isso, foi com agrado que vi que aqui as coisas funcionam de modo diferente. Enquanto aí compram o bilhete, pagam à volta de 1,5 euros e no final da viagem já podem deitar o bilhete fora, aqui não façam isso. Quando compram um bilhete, este tanto serve tanto para andar de comboio como de autocarro e tem a validade de 2 horas, é isso mesmo. Normalmente, apanho o comboio até ao Luxemburgo (capital), depois aí, se for necessário apanho um autocarro e sempre com o mesmo bilhete. Se cumprir os meus compromissos em menos de 2 h, ainda volto para casa sem gastar nem  mais 1 cêntimo. Se preferirem podem comprar um bilhete com validade de 24 h e passear pelo país todo de comboio e bus. Este já tem um custo de 4 euros. Os comboios estão providos de um compartimento próprio para quem vai de bicicleta ou anda com carrinhos de bebés. A estação também tem elevadores, se bem que há dias cheguei com o meu pequenote e deparei-me com o elevador desligado. Ora por essa é que eu e mais alguns pais não esperávamos. Lá tivemos de carregar o carrinho pela escadaria abaixo. É para verem que não são só coisas boas, senão seria um país perfeito e isso acho que não deve existir em nenhum lado. Outro motivo pelo qual peca são os acessos para deficientes que ainda não são muito eficazes. Ora, isso não é uma forma de discriminação do próprio país para com os seus cidadãos?
Já tinha mencionado noutro post que este é um país de ciclistas mas ainda não sei como funciona o aluguer das bicicletas públicas. Em alguns países tem de se fazer um registo e o pagamento é realizado através do cartão de crédito, mas aqui realmente não sei. Por cá, também é normal as pessoas andarem de transportes públicos com o cão atrás. Este só paga bilhete se for de grandes proporções. Ora aí está uma boa ideia.

12 agosto 2010

Regalias sociais em baixa

A crise chegou a todos os países, não pensem que foi só a Portugal. Claro que aí sempre me lembro de ouvir o mesmo, que  a vida estava difícil, etc e tal mas por cá, a crise chegou há pouco tempo e eles já estão a pensar em tomar medidas. Algumas já foram aprovadas, tal como as reduções dos subsídios para quem tem filhos (abonos). Não é à toa que vemos bebés, crianças pequenas e carrinhos de 2 lugares a cada 20 metros. Nunca vi tanta criança junta. A razão para tal, é que os abonos aumentam muito a partir do 3º filho. Mas isso vai acabar. Tal como já se fala em cortar os abonos às famílias que residem em Portugal e que têm apenas  um membro a trabalhar aqui no país, normalmente o pai. Vamos ver se vai ser aprovada esta nova lei. Se tal acontecer vai ser o fim do sustento de muita gente. Famílias inteiras, com filhos em idade escolar avançada e sem grandes possibilidades de se integrarem num país com não uma, mas três línguas diferentes. Vamos esperar. O dinheiro está a sair do país e eles querem evitar, ou pelo menos, diminuir isso. Também fiquei admirada por ver pedintes na rua... estão por aqui há pouco tempo e vamos ver quanto tempo vão ficar. Os luxemburgueses têm fama de não gostarem nada de emigrantes, se forem emigrantes pedintes... algo me diz que a esmola não vai ser muita. Também não sou ninguém para julgar esta gente, mas acho que a vida custa a todos e o pior que se pode fazer é cruzar os braços, sentar no chão e esperar que o dinheiro caia do céu. E não pensem que falo de gente velha ou incapacitada, falo de gente nova e com muito bom cabedal. Vocês têm pena? Lamento, mas eu não. Falam mal das prostitutas mas pelo menos essas trabalham para ganhar a vida. E muitas delas encaram isso como uma verdadeira profissão, tal é que já é legal em alguns países. Acho muito bem. Tenho dito. Os moralistas que me ataquem se quiserem!

Uma ida aos correios

Ontem fui enviar uma candidatura para uma bolsa de profissionais da minha área. Ora, como precisava de tirar uma fotocópia e fazer uma impressão fui a uma loja que conheço aqui nas redondezas. Eu sabia que era cara, mas tanto... Por uma fotocópia e uma impressão (alguns estabelecimentos fazem distinção no preço mas neste reparei que a máquina era a mesma, por isso também o tinteiro) paguei 1,80 euros. Nada mais! Pensei que com o dinheiro que tinha, ainda ia chegar aos correios e não ia ser suficiente. Mas lá fui. E para enviar uma carta com quase 50 gr paguei 6 euros. Anda lá que a vida custa e tá cara.
Um pormenor interessante era que havia um pequeno elevador para cadeira de rodas. Como eu ia com o meu pequenote no carrinho achei muito bem o acesso, mas achei cedo. Entrei para o dito elevador, carreguei no botão 3 ou 4 vezes e lá tive de sair outra vez. Não funcionava! Bom, lá carreguei o carrinho como pude e subi as escadas para enviar a minha carta. Isto de ser mãe tem os seus quês. Ao chegar ao balcão falei em inglês com a funcionária. E para minha surpresa ela dominava perfeitamente. Já não basta falarem francês, alemão e luxemburguês, ainda têm de falar o inglês melhor que nós, pobres emigrantes? Se por um lado fiquei contente, por outro vemos que o nosso forte não são mesmo as línguas. Já agora deviam ser obrigados a falar também o português já que representamos quase 50% do total de emigrantes. Mas isso deve ser pedir muito, não é? E é a tal velha história... quem está mal...

10 agosto 2010

Assistência na doença

Este país situa-se num dos primeiros lugares do ranking dos melhores países para se viver. E haverá razões para tal. Uma delas é certamente a assistência oferecida aos seus doentes ou pessoas com incapacidade ou deficiência física. Para terem uma ideia, uma pessoa que possua incapacidade física acentuada tem direito a usufruir de todo o tipo de equipamentos necessários para o seu dia-a-dia. Têm por exemplo, o uso de cadeira de rodas. Aqui, se precisarem de uma,  fazem o pedido e recebem-na. Não ficam meses e meses à espera, como estão habituados em terras do ex Condado Portucalense. Até o Rei D. Afonso Henriques deve vaguear por aí, tal é a miséria em que se transformou esse país. Se ele soubesse... Mas isso fica para outra história. Aqui vou falar apenas de como as necessidades dos deficientes físicos são levadas em conta. Eles têm direitos e estes são respeitados. Não são inventadas desculpas intragáveis, para tapar os olhinhos de quem precisa, e deitar abaixo qualquer esperança de conseguir alguma ajuda por parte do governo português. Isso é coisa rara e difícil. Mas se pelo contrário, ficarem a dever uns cêntimos, podem ter a certeza de que até vos põem em tribunal, sendo convocados a comparecer judicialmente no caso de não regularizarem a situação e com direito a pagar  juros, pois tem de se dar umas lições ao pessoal, que é para aprenderem. Pois é, que não vos ocorra ir fazer pedidos a dizer que estão a passar por situações delicadas, etc, etc, a não serem que tenham um corredor de filhos ou tenham preguiça de trabalhar. Haverá por lá uma alínea qualquer a dizer que afinal não podem fazer nada por si. E não critique nem se enerve. Ainda corre o risco de ser mal tratado e mandado para um certo sítio onde o sol não brilha. Criticar devia servir para abrir os olhos de quem governa mas isso porém não é assim. Temos de comer e andar caladinhos. E assim, lá vai continuando tudo na mesma para o desespero de uns, que normalmente são aqueles que cumprem com todas as suas obrigações sociais, laborais e de cidadão, e satisfação de outros, que dão a volta às leis em seu benefício próprio ou conhecem um amigo que trabalha no sítio tal e até lhe deu umas dicas de como fazer a marosca bem feita. Comparativamente ao Luxemburgo, Portugal ainda é um bebé chorão que tem muito que aprender em algumas coisas, e o sistema de saúde é uma delas. Não adianta nada ter um bom projecto se depois ninguém sabe fazê-lo cumprir, certo?
Ora, seguindo com o raciocínio inicial, dizia que aqui as pessoas têm direitos. A começar pela dita cadeira de rodas, e não é uma qualquer. Falo daquelas com motor e não das que toda a gente já conhece, em que têm de ter uma força de cavalo para põ-la a andar. Se, infelizmente, a situação for grave ao ponto de ter de andar numa cadeira com apoio próprio para a cabeça e pernas, essa também é facultada. E não ficam por aqui. Como qualquer pessoa que tenha ao seu cargo alguém dependente fisicamente sabe, a transferência cama-cadeira ou cadeira de rodas-cadeira do banho pode ser um problema sério. Pois aqui facultam um elevador que tira um enorme peso das costas destes cuidadores. Para quem não sabe, há uns elevadores (alguns podem tê-los observado nos hospitais) que servem para fazer esse tipo de transferências. Claro que essas coisas não são dadas, pois assim que já não tenham necessidade de as possuir devem devolvê-las, para que a seguir estejam disponíveis para quem delas precise. E se mesmo assim, são cuidadores e estes equipamentos ajudam mas não são suficientes, podem solicitar ajuda ao domicílio para a execução de tarefas, tais como o banho ou a alimentação. Devem estar alguns a perguntarem-se quanto pagam ao fim do mês! Não pagam nada. E ainda recebem. Existe um fundo para os cuidadores informares poderem suprir todas as necessidades que acharem essenciais, como por exemplo fraldas, dispositivos urinários ou outros. Nada que se compare ao 80 euros que recebem em Portugal, não é?
Devem estar a pensar no bom que era. Pois é, a isto se chama zelar pelos seus. O nível de um país também passa pela forma como os mais necessitados são tratados.
Numa outra altura falarei na assistência à maternidade, que este texto já vai longo.

Pronúncia

Para quem está a aprender francês, uma das principais dificuldades é a pronúncia. Partilho aqui um site onde podem escrever o texto e ouvir a pronúncia.

http://www.acapela-group.com/text-to-speech-interactive-demo.html

08 agosto 2010

A vida ao contrário

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. 
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
Charles Chaplin

05 agosto 2010

Aprender francês

Aqui para se conseguir arranjar um trabalho tem de se saber falar pelo menos o francês. Imaginem que eram patrões em Portugal e um estrangeiro ia pedir-vos trabalho? Se não conseguissem comunicar e fazer-se entender ia ser difícil. Então saber o básico da língua é o primeiro passo, com o tempo vai-se aperfeiçoando.

Encontrei o site abaixo para adultos interessados em aprender o francês.

http://w3.restena.lu/amifra/

São 2 x por semana, cada aula tem a duração de 1,40h de Setembro a Junho. E começa por volta das 16h. A taxa de inscrição é de 270 euros e é anual.
As próximas inscrições têm início dias 13, 14, 15 et 16 septembre 2010 de 18h00 à 20h00.


Contacto: 
Bureau des "Amitiés Françaises"
c/o Lycée Michel Rodange
Boulevard Dupong
L-1430 Luxembourg


Tél. : (352) 44 19 09
de 17h30 à 19h30
du Lundi au Jeudi
du 1er octobre au 15 mai



04 agosto 2010

Mais um não!

Enviei uma montanha de CV's durante o mês de Julho e se a grande maioria nem respondeu, houve pelo menos 4 que disseram 'Não'. Não era a resposta que queria ouvir mas pelo menos fica o consolo de receber algum feddback e não ter a sensação de que estamos a enviar CV's para o vazio. Já tive 2 quase 'sim' mas até agora ainda não voltei a ser contactada. A ver, vamos. A crise chegou a todo o lado e se conseguir arranjar este mês já me considero uma felizarda. Vou esperar e treinando 'mon français'. Os azares ou falta de oportunidades às vezes andam de mãos bem dadas. Queria tirar um curso de francês e para meu azar ou pouca sorte, os cursos só têm início em Setembro ou Outubro. Vou esperando, também... mais uma no meio de tantos....

01 agosto 2010

Os cafés

Há cafés muito bons e modernos por aqui. Alguns com ar de bares, com grandes ecrãs e música sempre a tocar. Seja a que hora for podemos ver alguém a jogar setas ou sentado a bebericar, ao mesmo tempo que vai vendo quem passa. As esplanadas são montadas lá por volta das 10 h da manhã e há um vai e vem de gente. Se pedirem um café, já sabem que não é o tradicional que estávamos habituados, esse aqui chama-se expresso, e mesmo quando pedi um lá veio o outro. O tal café é uma chávena bem maior e traz um pacotinho de leite. Claro que o café, propriamente dito, não é tão forte. Lá se bebe. Existem outros cafés (estabelecimento) menos modernos e com cara de português. Têm o nome do presumível dono ou da localidade de onde, possivelmente, é natural, assim como umas quantas bandeiras espalhadas logo a começar pela entrada. Fiquei um pouco desiludida, diga-se de passagem. O ar é pobre, tanto por dentro como por fora. As pessoas têm um ar fortemente rural e olham com ar mal humorado e desconfiado. Tenho a certeza de que esta não é a regra mas foi o que eu vi, outras opiniões existirão certamente. Adiante, experimentem passar num domingo à tarde por um desses cafés com ar 'tradicional'. Como também servem de residenciais, pois alugam quartos ao pessoal que ou não tem posses para alugar um apartamento ou não possuí ainda documentos para o fazer, vão todos ali parar. Digamos que aqui há regras para se poderem alugar imóveis e não são nada acessíveis, para não mencionar os preços (um simples estúdio anda à volta dos 600 euros com sorte). Têm de: estar registados na comuna onde residem; ter contrato de trabalho ( de preferência efectivo) e autorização de residência. Penso que não esqueci de nada. Depois, para se registarem na comuna têm de ter uma morada para dar e é aí que as coisas se complicam um pouco. Uma coisa depende da outra mas lá se consegue, não é impossível.
Adiante. A maioria desses cafés que alugam quartos pertencem a portugueses e é graças ao aluguer dos quartos que muitos conseguem ter as portas abertas, devido aos elevados custos para manterem o negócio aberto. Podem encontrar um quarto a partir dos 300 euros e depois conforme o preço que pagam lá têm incluído a luz, água, lixo, roupa e alimentação. Alguns estabelecimentos são, no entanto, já muito antigos e as condições de alojamento poderão não ser as melhores. Em alguns sítios não contem com wc privado ou limpeza dos espaços comuns. Já foram denunciadas situações mesmo degradantes em que haviam famílias inteiras a partilharem um autêntico corredor mobilado com camas e sem nenhuma privacidade ou condições mínimas de habitabilidade. É preciso estar atento a essas coisas. Depois, como dizia acima, se experimentarem passar num cafe assim num domingo à tarde vão vê-lo cheio de homens. Não se vê um único ser do sexo feminino. Faz lembrar as tascas de antigamente em que a entrada era proibida a mulheres e as portas eram daquelas em que só víamos as cabeças e os pés, tipo oeste americano. Sim, é mesmo assim. Só a cozinheira é que deve ser mulher, pois deve ser casada com o dono da casa. Quem tem à vontade e vontade de entrar num sítio assim? Pelo menos o dono tem clientela assegurada.