01 setembro 2010

Chicon

Quem sabe o que é 'chicon'?
Não é bicho, não é doença nem é palavrão.
É o nome de um prato que comi aqui no Luxemburgo. Não tem nenhum segredo e é extremamente fácil de confeccionar. A receita é belga e muito apreciada.
Para preparar é preciso comprar um ingrediente especial, que é a endívia. 
 Esta espécie de couve é muito amarga e são os restantes ingredientes que combinados lhe vão dar um sabor característico final. Se o cultivo da couve for com pouca ou nenhuma luz, a sua cor será branca. 
Achei uma receita parecida à forma como eu fiz aqui.


Família sérvia repatriada

O Luxemburgo não é para brincadeiras nestas questões. Uma família sérvia a viver aqui há 7 anos, foi esta semana repatriada num voo comercial com destino a Belgrado, ou seja, foi expulsa do país. Tinham 2 filhos, entre os 20 e os 30 anos, e um deles frequentava o ensino continuado, faltando 1 ano para a conclusão do curso. A mãe estava em tratamento médico, uma vez que tinha sido sujeita a uma cirurgia o ano passado. Segundo o Ministério dos Negócios estrangeiros, o pedido de asilo por parte da família tinha sido negado há 5 anos e a estadia apenas fora tolerada devido a questões de saúde. De acordo com o governo, a Organização Internacional para as Migrações informou-os das ajudas ao repatriamento e reinstalação no país de origem, mas não obtiveram qualquer resposta.

Os móveis vêm à rua

Desta vez são os móveis que vêm para a rua. Mas não são para vender e sim para deitar ao lixo. Pelo menos uma vez por ano, num dia específico, as pessoas colocam na rua todo o tipo de móveis que têm lá em casa e dos quais já se fartaram ou não querem por qualquer motivo. Então as ruas ficam cheias de móveis espalhados. Lá se vê gente, talvez mais necessitada, a quem a esperança de uma vida melhor trouxe apenas miséria, a levar o que pode. Alguns até parecem aflitos com medo que alguém venha e os leve primeiro.

As lojas vêm à rua

É verdade, dito e feito. Duas a três vezes por ano, as lojas vêm para a rua e expõem os seus produtos fora da loja. Essa tradição é conhecida pelo nome de 'braderie'.' Das 8 da manhã até às 18h, comerciantes expõem os seus produtos em mais de 400 stands ao longo de 5 quilómetros, desde à gare central da capital até ao centro da cidade.
As ruas ficam atolhadas e cheias de bancadas com todo o tipo de coisas. Aproveitam para fazer baixa de preços e escoar o stock encravado. Para nós é bom porque vamos passando e nem temos de entrar nas lojas, basta-nos virar a cabeça de um lado para o outro. Mas esta última correu mesmo mal. O tempo resolveu estragar a feira e lá mais para o fim do dia era um vendaval, que ninguém podia abrir a boca ou levava com o pó que circulava no ar. E como um mal nunca vem só, começou a chover também. Foi o caos. Eram peças de roupa a voar por todos os lados, as tendas a virar ao contrário, os vendedores a correr atrás da mercadoria, as pessoas a fugir do vento e da chuva. Parecia uma cena retirada de um filme. Até os cães fugiam atrás dos donos. Não sei de onde veio tanto vento e forte, mas esperemos que da próxima a coisa corra melhor.

26 agosto 2010

Tenho cara de portuga??

Ontem fui a um supermercado e enquanto estava na fila à espera um funcionário pediu-me licença em português para que eu lhe cedesse passagem para recolher os cestos. Fiquei muito admirada, afinal porque falou ele em português?? Tenho cara de portuga?? E isso não engana ninguém?? Pois...

Telemóveis

Quando quiserem carregar o vosso telemóvel (uma rede daqui, pois se for português acho que não dá) vão a uma loja para o efeito e pedem um carregamento. Ou seja, pagam e recebem um papelzinho com um código. Esse código deve ser introduzido no telemóvel e o dinheiro entra como saldo. Agora cuidado com o bendito papel, pois se o perderem já era...

Os luxemburgueses

Os portugueses têm má fama por cá, como já tinha referido mas não pensem que só há por aqui apenas luxemburgueses exemplares. Eles também gritam em casa com os filhos, falam alto na rua à 1h da manhã ou põe a música alto quando já toda os vizinhos do prédio estão a dormir, ou a tentar. Claro que é mais fácil falar mal do emigrante mas este não é diferente dos outros.

19 agosto 2010

Transportes públicos

Os transportes públicos são muito caros e o preço está sempre a aumentar. Por isso, foi com agrado que vi que aqui as coisas funcionam de modo diferente. Enquanto aí compram o bilhete, pagam à volta de 1,5 euros e no final da viagem já podem deitar o bilhete fora, aqui não façam isso. Quando compram um bilhete, este tanto serve tanto para andar de comboio como de autocarro e tem a validade de 2 horas, é isso mesmo. Normalmente, apanho o comboio até ao Luxemburgo (capital), depois aí, se for necessário apanho um autocarro e sempre com o mesmo bilhete. Se cumprir os meus compromissos em menos de 2 h, ainda volto para casa sem gastar nem  mais 1 cêntimo. Se preferirem podem comprar um bilhete com validade de 24 h e passear pelo país todo de comboio e bus. Este já tem um custo de 4 euros. Os comboios estão providos de um compartimento próprio para quem vai de bicicleta ou anda com carrinhos de bebés. A estação também tem elevadores, se bem que há dias cheguei com o meu pequenote e deparei-me com o elevador desligado. Ora por essa é que eu e mais alguns pais não esperávamos. Lá tivemos de carregar o carrinho pela escadaria abaixo. É para verem que não são só coisas boas, senão seria um país perfeito e isso acho que não deve existir em nenhum lado. Outro motivo pelo qual peca são os acessos para deficientes que ainda não são muito eficazes. Ora, isso não é uma forma de discriminação do próprio país para com os seus cidadãos?
Já tinha mencionado noutro post que este é um país de ciclistas mas ainda não sei como funciona o aluguer das bicicletas públicas. Em alguns países tem de se fazer um registo e o pagamento é realizado através do cartão de crédito, mas aqui realmente não sei. Por cá, também é normal as pessoas andarem de transportes públicos com o cão atrás. Este só paga bilhete se for de grandes proporções. Ora aí está uma boa ideia.

12 agosto 2010

Regalias sociais em baixa

A crise chegou a todos os países, não pensem que foi só a Portugal. Claro que aí sempre me lembro de ouvir o mesmo, que  a vida estava difícil, etc e tal mas por cá, a crise chegou há pouco tempo e eles já estão a pensar em tomar medidas. Algumas já foram aprovadas, tal como as reduções dos subsídios para quem tem filhos (abonos). Não é à toa que vemos bebés, crianças pequenas e carrinhos de 2 lugares a cada 20 metros. Nunca vi tanta criança junta. A razão para tal, é que os abonos aumentam muito a partir do 3º filho. Mas isso vai acabar. Tal como já se fala em cortar os abonos às famílias que residem em Portugal e que têm apenas  um membro a trabalhar aqui no país, normalmente o pai. Vamos ver se vai ser aprovada esta nova lei. Se tal acontecer vai ser o fim do sustento de muita gente. Famílias inteiras, com filhos em idade escolar avançada e sem grandes possibilidades de se integrarem num país com não uma, mas três línguas diferentes. Vamos esperar. O dinheiro está a sair do país e eles querem evitar, ou pelo menos, diminuir isso. Também fiquei admirada por ver pedintes na rua... estão por aqui há pouco tempo e vamos ver quanto tempo vão ficar. Os luxemburgueses têm fama de não gostarem nada de emigrantes, se forem emigrantes pedintes... algo me diz que a esmola não vai ser muita. Também não sou ninguém para julgar esta gente, mas acho que a vida custa a todos e o pior que se pode fazer é cruzar os braços, sentar no chão e esperar que o dinheiro caia do céu. E não pensem que falo de gente velha ou incapacitada, falo de gente nova e com muito bom cabedal. Vocês têm pena? Lamento, mas eu não. Falam mal das prostitutas mas pelo menos essas trabalham para ganhar a vida. E muitas delas encaram isso como uma verdadeira profissão, tal é que já é legal em alguns países. Acho muito bem. Tenho dito. Os moralistas que me ataquem se quiserem!

Uma ida aos correios

Ontem fui enviar uma candidatura para uma bolsa de profissionais da minha área. Ora, como precisava de tirar uma fotocópia e fazer uma impressão fui a uma loja que conheço aqui nas redondezas. Eu sabia que era cara, mas tanto... Por uma fotocópia e uma impressão (alguns estabelecimentos fazem distinção no preço mas neste reparei que a máquina era a mesma, por isso também o tinteiro) paguei 1,80 euros. Nada mais! Pensei que com o dinheiro que tinha, ainda ia chegar aos correios e não ia ser suficiente. Mas lá fui. E para enviar uma carta com quase 50 gr paguei 6 euros. Anda lá que a vida custa e tá cara.
Um pormenor interessante era que havia um pequeno elevador para cadeira de rodas. Como eu ia com o meu pequenote no carrinho achei muito bem o acesso, mas achei cedo. Entrei para o dito elevador, carreguei no botão 3 ou 4 vezes e lá tive de sair outra vez. Não funcionava! Bom, lá carreguei o carrinho como pude e subi as escadas para enviar a minha carta. Isto de ser mãe tem os seus quês. Ao chegar ao balcão falei em inglês com a funcionária. E para minha surpresa ela dominava perfeitamente. Já não basta falarem francês, alemão e luxemburguês, ainda têm de falar o inglês melhor que nós, pobres emigrantes? Se por um lado fiquei contente, por outro vemos que o nosso forte não são mesmo as línguas. Já agora deviam ser obrigados a falar também o português já que representamos quase 50% do total de emigrantes. Mas isso deve ser pedir muito, não é? E é a tal velha história... quem está mal...

10 agosto 2010

Assistência na doença

Este país situa-se num dos primeiros lugares do ranking dos melhores países para se viver. E haverá razões para tal. Uma delas é certamente a assistência oferecida aos seus doentes ou pessoas com incapacidade ou deficiência física. Para terem uma ideia, uma pessoa que possua incapacidade física acentuada tem direito a usufruir de todo o tipo de equipamentos necessários para o seu dia-a-dia. Têm por exemplo, o uso de cadeira de rodas. Aqui, se precisarem de uma,  fazem o pedido e recebem-na. Não ficam meses e meses à espera, como estão habituados em terras do ex Condado Portucalense. Até o Rei D. Afonso Henriques deve vaguear por aí, tal é a miséria em que se transformou esse país. Se ele soubesse... Mas isso fica para outra história. Aqui vou falar apenas de como as necessidades dos deficientes físicos são levadas em conta. Eles têm direitos e estes são respeitados. Não são inventadas desculpas intragáveis, para tapar os olhinhos de quem precisa, e deitar abaixo qualquer esperança de conseguir alguma ajuda por parte do governo português. Isso é coisa rara e difícil. Mas se pelo contrário, ficarem a dever uns cêntimos, podem ter a certeza de que até vos põem em tribunal, sendo convocados a comparecer judicialmente no caso de não regularizarem a situação e com direito a pagar  juros, pois tem de se dar umas lições ao pessoal, que é para aprenderem. Pois é, que não vos ocorra ir fazer pedidos a dizer que estão a passar por situações delicadas, etc, etc, a não serem que tenham um corredor de filhos ou tenham preguiça de trabalhar. Haverá por lá uma alínea qualquer a dizer que afinal não podem fazer nada por si. E não critique nem se enerve. Ainda corre o risco de ser mal tratado e mandado para um certo sítio onde o sol não brilha. Criticar devia servir para abrir os olhos de quem governa mas isso porém não é assim. Temos de comer e andar caladinhos. E assim, lá vai continuando tudo na mesma para o desespero de uns, que normalmente são aqueles que cumprem com todas as suas obrigações sociais, laborais e de cidadão, e satisfação de outros, que dão a volta às leis em seu benefício próprio ou conhecem um amigo que trabalha no sítio tal e até lhe deu umas dicas de como fazer a marosca bem feita. Comparativamente ao Luxemburgo, Portugal ainda é um bebé chorão que tem muito que aprender em algumas coisas, e o sistema de saúde é uma delas. Não adianta nada ter um bom projecto se depois ninguém sabe fazê-lo cumprir, certo?
Ora, seguindo com o raciocínio inicial, dizia que aqui as pessoas têm direitos. A começar pela dita cadeira de rodas, e não é uma qualquer. Falo daquelas com motor e não das que toda a gente já conhece, em que têm de ter uma força de cavalo para põ-la a andar. Se, infelizmente, a situação for grave ao ponto de ter de andar numa cadeira com apoio próprio para a cabeça e pernas, essa também é facultada. E não ficam por aqui. Como qualquer pessoa que tenha ao seu cargo alguém dependente fisicamente sabe, a transferência cama-cadeira ou cadeira de rodas-cadeira do banho pode ser um problema sério. Pois aqui facultam um elevador que tira um enorme peso das costas destes cuidadores. Para quem não sabe, há uns elevadores (alguns podem tê-los observado nos hospitais) que servem para fazer esse tipo de transferências. Claro que essas coisas não são dadas, pois assim que já não tenham necessidade de as possuir devem devolvê-las, para que a seguir estejam disponíveis para quem delas precise. E se mesmo assim, são cuidadores e estes equipamentos ajudam mas não são suficientes, podem solicitar ajuda ao domicílio para a execução de tarefas, tais como o banho ou a alimentação. Devem estar alguns a perguntarem-se quanto pagam ao fim do mês! Não pagam nada. E ainda recebem. Existe um fundo para os cuidadores informares poderem suprir todas as necessidades que acharem essenciais, como por exemplo fraldas, dispositivos urinários ou outros. Nada que se compare ao 80 euros que recebem em Portugal, não é?
Devem estar a pensar no bom que era. Pois é, a isto se chama zelar pelos seus. O nível de um país também passa pela forma como os mais necessitados são tratados.
Numa outra altura falarei na assistência à maternidade, que este texto já vai longo.

Pronúncia

Para quem está a aprender francês, uma das principais dificuldades é a pronúncia. Partilho aqui um site onde podem escrever o texto e ouvir a pronúncia.

http://www.acapela-group.com/text-to-speech-interactive-demo.html

08 agosto 2010

A vida ao contrário

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. 
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
Charles Chaplin

05 agosto 2010

Aprender francês

Aqui para se conseguir arranjar um trabalho tem de se saber falar pelo menos o francês. Imaginem que eram patrões em Portugal e um estrangeiro ia pedir-vos trabalho? Se não conseguissem comunicar e fazer-se entender ia ser difícil. Então saber o básico da língua é o primeiro passo, com o tempo vai-se aperfeiçoando.

Encontrei o site abaixo para adultos interessados em aprender o francês.

http://w3.restena.lu/amifra/

São 2 x por semana, cada aula tem a duração de 1,40h de Setembro a Junho. E começa por volta das 16h. A taxa de inscrição é de 270 euros e é anual.
As próximas inscrições têm início dias 13, 14, 15 et 16 septembre 2010 de 18h00 à 20h00.


Contacto: 
Bureau des "Amitiés Françaises"
c/o Lycée Michel Rodange
Boulevard Dupong
L-1430 Luxembourg


Tél. : (352) 44 19 09
de 17h30 à 19h30
du Lundi au Jeudi
du 1er octobre au 15 mai